5 de junho de 2015
Foto feita no Vale do Jequitinhonha -MG
Velho forno de assar pão
abandonado
com seu tempo descartado.
Formato de útero
com madeira e calor dá vida ao pão.
…………
O Pão do Tempo
Diziam-me que amanhã seria o primeiro dia
depois de amanhã em que não seria preciso
pensar no que há para fazer, nem em fazer
o que há para pensar.Deixei correr o tempo; e
as coisas avançaram sem que amanhã chegasse,
e sem que depois de amanhã me pudesse
lembrar que tinha de pensar no que havia
para fazer. Juntei todas estas coisas no alguidar
do poema, onde a massa dos instantes
fermentava. O que eu tinha de fazer
era metê-la no forno da eternidade,
depois de bem assada; mas esqueci-me
e quando voltei ao poema
a eternidade estava cheia de um musgo feito
das horas e minutos que eu perdera a pensar
noutras coisas.Ainda espreitei o forno:
mas a lenha ardera até se transformar em
cinza, e um fumo efêmero dissipava-se
no céu estranho desta memória de amanhã.
Nuno Júdice do livro A Matéria do Poema
Médico de profissão e fotógrafo de paixão. Fazer do momento da foto um instante de meditação..voar. imaginar, criar. A foto P&B é mágica pois além de ter todas as cores no branco, tem a total ausência delas no preto e é atemporal.
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